Há conflito entre fé e razão? (IV)
As relações entre fé e razão (IV)
Fonte: http://contraimpugnantes.blogspot.com/2009/12/as-relacoes-entre-fe-e-razao-iv.html
A posição de Tomás de Aquino com relação à origem da fé tem como fundamento a sua gnosiologia realista, segundo a qual o conhecimento — a posse da verdade — provém, in primis, de um processo de abstração das qüididades materiais dos entes, pela inteligência humana. Ou seja: não há atalhos intuitivos que nos permitam chegar ao conceito (à forma entis); que nos permitam, ao menos, ter um vislumbre da essência dos entes. Esta última só nos é acessível a partir da observação do modo de operação de cada ente, na ordem do ser. E, mesmo assim, a aquisição desse conhecimento é imperfeita, incompleta, pois a verdade é em si inesgotável, razão pela qual, com certa dose de ironia, diz o Doutor Comum em sua Exposição sobre o Credo que “nenhum filósofo jamais chegou a esgotar sequer a essência de uma mosca”.
DISTINÇÃO TOMISTA COM RELAÇÃO AOS CONCEITOS DA FÉ E DA RAZÃO
Sendo assim, se a verdade da fé não é internamente evidente (nem direta nem indiretamente), a inteligência não pode nada mais do que lhe prestar assentimento (ou não). Mas nunca, jamais, pode ela demonstrar o conteúdo da fé, que está além de suas possibilidades de escrutínio intelectual. No entanto, a razão desse assentimento da fé é muito diversa da do saber: a autoridade divina, que é o autêntico objeto formal da fé — seja para doutos teólogos, seja para velhinhas analfabetas. Em ambos os casos, assente-se a algo não evidente. A fé é, pois, daquilo que não se vê (non visum), enquanto a razão parte daquilo que se vê com os olhos da inteligência (visum).
Por seu objeto material: razão (visum); fé (non visum)
Por seu objeto formal: razão (evidência); fé (autoridade divina)
Por seus efeitos: razão (assentimento por necessidade racional); fé (assentimento livre)
É justamente esse assentimento livre a uma verdade não evidente para a inteligência que faz com que a fé seja meritória. Ela é, em síntese, o “sim” da inteligência humana ao influxo da graça divina. Em contrapartida, não se pode dizer que haja propriamente mérito em assentir a algo por necessidade racional (como para concluir que 2+2=4).
A maior descoberta científica de todos os tempos, neste sentido, por ser de ordem inferior, é de valor infinitamente menor do que o “sim” de Maria ao Anjo da Anunciação.
Infinitamente inferior ao nosso “sim” a qualquer dos artigos da fé que salva.
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